sexta-feira, janeiro 22, 2010

vale a pena... talvez não!?

“O Fernando Pessoa que, entre outras coisas, era poeta, deixou assente a ferro e fogo para a posteridade que, por mero acaso, nos apanha a nós, que “tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. (...) transformou a estrofe num dizer comum, o dizer comum por obra e graça da citação recorrente e da repetição consistente fez o resto: deu estatuto de verdade ao que era uma figura de estilo. (...) Há, de facto inúmeras coisas, circunstâncias e até pessoas que não valem a pena. Não valem a pena, para nós, porque não as significamos de um certo modo, não as conseguimos distinguir da massa de coisas, circunstâncias ou pessoas que atravancam os dias ou, então, distinguimo-las com nitidez e, ainda assim, ou exactamente por isso, reafirmamos o nosso desinteresse, o nosso desejo de alheamento e distância. (...) Sendo isto mais ou menos óbvio, insistimos no frasear poético e, envergonhado ou culpabilizante, assumimos uma postura pública de extrema abertura de espírito ou filosófica sabedoria em que tudo o que diz respeito à humanidade nos diz respeito a nós e, por essa via, vale a pena. Como se sermos que somos e interessar-nos apenas pelo que nos interessa fosse um sinal de demissão ou de estreiteza de ideias. “

Claro que nem tudo vale a pena...
Beijos e sejam felizes...

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