sexta-feira, janeiro 15, 2010

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Do livro “Artista de Circo” de Margarida Rebelo Pinto:

“A vida são portas condenadas. Portas que passamos, pensando que, ao abrirmos, vamos descobrindo e arrumando o caos interno, mas afinal percebemos que à medida que os anos passam, elas se vão fechando uma a uma, nas nossas costas ou na nossa cara, batendo com uma veemência esmagadora que nos deixa de braços estendidos ao longo do corpo e a perguntar em surdina porquê. A vida são portas condenadas, primeiro fecha-se a porta da infância, dos bolinhos de lama para o lanche das bonecas, tiram-nos as rodinhas das bicicletas e dizem-nos és capaz, tu és capaz a partir daí a vida estreita-se num arame cada vez mais fino e ténue e é então que vamos percebendo que viver não é mais do que um precário equilíbrio, uma travessia solitária pelo arame traiçoeiro que nos há-de levar a um lado qualquer que é sempre do outro lado, onde está tudo aquilo que nos convencem que queremos ou que simplesmente escolhemos como objectivo para alcançar uma coisa qualquer a que gostamos de chamar tranquilidade.”

E vou pensar... apesar de como diz a Ana, penso tanto, tanto e não chego a grandes conclusões...

Bom fim-de-semana.
Beijos e sejam felizes...

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