sexta-feira, novembro 07, 2008

Excertos perdidos - as minhas leituras I

Ontem, Bush disse: "Já convidei o Presidente eleito e a Sr.ª Obama a vir à Casa Branca quando quiserem." É da tradição os presidentes convidarem os sucessores, no intervalo que vai da eleição à tomada de posse em fins de Janeiro, a visitar a casa em que serão inquilinos. A dona de casa Mamie Eisenhower passeou a cosmopolita Jackie Kennedy julgando-a encantada, quando esta analisava as mudanças radicais que faria nos cortinados. Mas, desta vez, o encontro de casais não é mero acto social. No seu belo discurso de aceitação da derrota, McCain percebeu o orgulho dos afro-americanos, lembrando "que há um século o convite do Presidente Theodore Roosevelt a Booker T. Washington para jantar foi visto como um ultraje por muitos". E o grande pedagogo negro foi à Casa Branca só jantar, não para mandar nela. Daí que a eleição de um não branco para Presidente não possa ser vista com um enfastiado "e depois?". Ela é um momento de redenção e revela mais uma revolução americana: o seu rio avança, avança sempre. Este é um daqueles momento definitivamente definidos pelo astronauta Neil Armstrong: aparentemente um pequeno passo, de facto um salto.

Ferreira Fernandes, in Diário de Notícias

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