quinta-feira, julho 02, 2009

as asas de Deus...


O post anterior, de dia 1 de Julho, falava do perdão de Deus e das asas que cada um de nós tem. Hoje recebi um comentário de um padre amigo (Pe. Luís Miranda) com um texto que fala exactamente dessas asas. Sem autorização do próprio, atrevo-me a partilhar esse belíssimo texto em forma de oração.

Senhor, dá-me uma asa de reserva…

Senhor, quero agradecer-te o dom da vida.
Li algures que os homens são anjos com uma só asa:
podem voar somente quando abraçados.
Às vezes, Senhor, nos momentos de intimidade ouso pensar,
que também tu tens só uma asa.
A outra, tem-na escondida: talvez para me fazer compreender
que também tu não podes voar sem mim.
Por isso é que me deste a vida: para que eu fosse o teu companheiro de voo.
Então, contigo, ensina-me a manter o equilíbrio.
Pois viver não é “arrastar a vida”, não é “arrancar a vida”, não é “roer a vida”.
Viver é abandonar-se na aventura da liberdade.
Viver é distender a asa, a única asa, com a confiança de quem sabe
que és tu o seu grande companheiro de voo!
Senhor, peço-te perdão por cada pecado contra a vida.
Mas também te peço perdão, por todas as asas que não ajudei a distender.
Pelos voos que não soube encorajar.
Pela indiferença com que deixei a esgaravatar no pátio,
o irmão infeliz de asa descaída e que tu tinhas destinado a navegar no céu.
E tu esperavas em vão, por um voo que não se chegou a realizar.
Agora, Senhor, ajuda-me a dizer que colocar alguém no mundo não é tudo.
É preciso colocá-lo na luz.
E que anti-páscoa não é só o aborto, mas é cada acolhimento falhado.
É cada negação de pão, de casa, de trabalho, de instrução, de direitos primários.
Anti-páscoa é deixar o próximo no melancólico vestíbulo da vida,
onde “se vive apenas por viver”, onde se vegeta somente.
Anti-páscoa é passar com indiferença perto do irmão cuja asa, a única asa,
ficou inexoravelmente presa na rede da miséria e da solidão e por isso,
está convencido de já não ser digno de voar contigo.
Sobretudo, para este irmão que não tem sorte,
dá-me, ó Senhor, uma asa de reserva.

(Dom Tonino Bello)

Este texto-oração, faz me recordar a leitura da Eucaristia de ontem. Retirada do Livro do Génesis, o texto falava do pai dos crentes Abraão, da sua esposa Sara e do seu filho Isaac, mas também falava do filho da escrava - Ismael e como este Deus em situações diferentes, foi misericordioso para com todos.

É infinita a misericórdia de Deus, em cada tempo, em caso, Deus olha cada filho e percebe os seus problemas e “ampara” com a sua asa. Nós tendemos vezes demais, a fazer um auto-julgamento e afastamo-nos deste Deus escondido, mesmo à frente de todos. Mas acredito que Deus não esquece cada filho, não julga, não marginaliza. Mas acolhe, ampara, protege. Talvez seja mesmo esta a grande lição que temos de tirar, nós precisamos de Deus e Deus precisa de nós, juntos conseguimos mais.

Deus é amor e misericórdia, quando compreendermos perfeitamente esta verdade, seremos todos manifestamente mais felizes.

Beijos e sejam felizes...

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