terça-feira, novembro 02, 2010

Regresso ao blog no dia de finados.

Regresso ao blog no dia de finados. O dia que supostamente as pessoas deveria ir ao cemitério prestar uma homenagem aos seus entes queridos já falecidos. No entanto, por imperativo de calendário, costumamente é no dia 1 – Dia de Todos os Santos que se assiste às enchentes nos cemitérios.

Ontem passei o dia à porta de um cemitério (em campanha financeira para os escuteiros). Como bom observador que me considero, consegui detestar alguns grupos de pessoas que ontem resolveram prestar homenagem aos seus mortos. Então aqui ficam as minhas conclusões:

1- Os falsos - raramente vão ao cemitério, no entanto, no dia 1, não se esquecem do fazer. Visitam com ar triste e semblante carregado, não falam muito. Tentam demonstrar uma dor que já não sentem, se é que alguma vez a sentiram.

2- Os turistas – visitam por visitar, não têm nada contra o local, nem conheciam alguns dos mortos, aproveitaram o feriado e vieram ver a família, e vão com eles ao cemitério como fosse ao café.

3 – Os conscientes – visitam muitas vezes o cemitério, sentem a saudade dos seus entes queridos, vivem bem com a dor e a perda. Vão, rezam, colocam flores, uma vela, conversam com um ou outro conhecido e saem.

4- Os cuscos – estes apenas vão para poder ter assunto para o resto da semana. Visitam várias campas, anotam quem visitou o quê, quem colocou flores ou não... querem é conversa e poder falar mal dos vivos, normalmente morrem de medo dos mortos.

5- Os cool´s – Não ligam muito à morte, não verbalizam os seus sentidos, mas vão por arrastão de outro familiar ou amigo, respeitam, entram, estão um bocado e saem.

6- Os doridos – estes são aqueles em que ainda não fizeram o luto, vão e ficam, voltam, entram tristes, saem a chorar, normalmente não colocam velas, apenas flores e lágrimas.

Com este pequeno agrupamento de pessoas, não tenciono fazer qualquer critica a ninguém em especial, apenas analisar o que os meus olhos vêm e colocar tal visão em palavras.

Acabo com as palavras de José Saramgo:

"é difícil a um vivo entender os mortos, Julgo que não será menos difícil a um morto entender os vivos, O morto tem a vantagem de já ter sido vivo, conhece todas as coisas deste mundo e desse mundo, mas os vivos são incapazes de aprender a coisa fundamental e tirar proveito dela, Qual, Que se morre, Nós, vivos, sabemos que morreremos, Não sabem, ninguém sabe, como eu também não sabia quando vivi, nós sabemos, isso sim, é que os outros morrem."

Beijos e Abraços,sejam felizes...